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Mestres de aluguel

Há um consenso na comunidade do RPG: narrar uma aventura não é tarefa fácil. O narrador é a pessoa do grupo que precisa se preocupar em criar um mundo orgânico, onde os jogadores possam interagir e explorar sem terem suas ideias podadas. Portanto, boa parte do sucesso de uma sessão depende da preparação e da capacidade de improvisação do narrador. Isso quer dizer que a pessoa responsável por mestrar o jogo precisa ler a aventura completa, preparar encontros, interpretar NPC 's, encontrar imagens, mapas, trilha sonora e ainda contar com o fato de que quase nunca seus jogadores seguem o planejamento. A responsabilidade da função afasta muitos, criando situações em que a) apenas uma pessoa do grupo mestra, portanto nunca pode desfrutar do jogo em si, b) ninguém joga, pois sem mestre, sem jogo ou c) pessoas pagam um mestre de aluguel para desempenhar a função.


Os mestres de aluguel são geralmente pessoas com grande experiência em determinado sistema, que transformam seu hobby em uma profissão. Esse é o sonho de muitos jogadores de RPG. Afinal, quem não gostaria de ganhar dinheiro enquanto joga? Essa modalidade de jogo tem se tornado cada vez mais comum no meio e alguns defendem que pagar pelo entretenimento faz com que os jogadores se empenhem mais na aventura. Em contrapartida, o narrador muitas vezes busca oferecer uma experiência de alta qualidade para seus aventureiros, preparando um bom tabletop virtual, com muitas imagens, grids de combate e qualquer coisa que torne a mesa mais imersiva. 


A nova “profissão”, criada da necessidade dos jogadores, é a prova de que o RPG conta com uma comunidade criativa e disposta a superar dificuldades para desfrutar do hobby. Confira abaixo o que três mestres de aluguel têm a dizer sobre sua trajetória:

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Kael Santos Conceição, 33, mestre de aluguel

Kael conheceu o RPG em um momento turbulento de sua história e encontrou nos jogos narrativos não só uma fuga da realidade, mas ferramentas para transformá-la. Trabalhando como mestre de aluguel há mais de um ano no projeto Voz do Bardo, Kael, mais conhecido na comunidade como Kira Correa, encontra no RPG uma fonte de renda e também uma forma de tornar o ambiente mais receptivo e seguro para novos jogadores:

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Fernando Luiz Vieira Ferreira, 42, designer gráfico e diagramador

Fernando conheceu o RPG quando era um adolescente. Aos 14 anos, seu gosto por jogos de fliperama o colocou em contato com jogadores de RPG que lhe abriram um leque de possibilidades. Começou a mestrar cedo e nunca mais parou. Quando cresceu, era técnico em construção naval, mas problemas econômicos relacionados à essa indústria o forçaram a se reinventar na profissão. Começou a fazer trabalhos de diagramação, revisão e design gráfico para editoras de RPG, funções que desempenha até hoje. Mestre há quase 20 anos, Fernando criou a página no Facebook DM de aluguel e hoje garante uma renda extra através de sua mestragem.

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Eduardo Luiz Flores Pinto, 34, designer gráfico e editor de vídeos

Eduardo joga RPG há quase 24 anos. Depois de ganhar de natal o Livro do Jogador de D&D, começou a narrar para os amigos e pegou gosto pela coisa. Hoje, sua reputação como membro ativo em comunidades de RPG e sua presença no cenário de stream com o canal Por um punhado de dados, possibilitam que suas mesas estejam sempre cheias. Eduardo viu nesse fato uma oportunidade de ganhar dinheiro por um trabalho que desempenha bem e se divertindo.

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